A medida foi tomada após inúmeras tentativas de diálogo com as entidades competentes, que, segundo os docentes, não resultaram em soluções concretas. Os educadores alegam estar cansados de promessas não cumpridas e exigem uma resposta imediata por parte das autoridades responsáveis pela gestão da educação e das finanças.
Desde o início da greve, a escola regista uma paragem quase total nas aulas, afetando centenas de alunos que dependem das atividades letivas para garantir a continuidade do seu percurso académico. Muitos estudantes têm sido vistos a vaguear pelos arredores da escola ou a regressar para casa sem assistir a uma única aula.
De acordo com os professores envolvidos, a situação não é recente. Há meses que têm vindo a exercer funções para além do horário normal sem qualquer compensação financeira, o que tem gerado grande frustração e desmotivação no seio do corpo docente.
“Temos dado o nosso melhor, mesmo em condições difíceis. Mas a falta de pagamento pelas horas extras é um desrespeito. Somos pais de família, também temos contas a pagar e responsabilidades”, declarou um dos professores grevistas, que preferiu manter o anonimato por receio de represálias.
Os docentes que aderiram ao protesto afirmam que, além do atraso nos pagamentos, existem outros problemas estruturais na escola que merecem atenção urgente. Entre eles, destacam-se a falta de materiais didáticos, a degradação das salas de aula e a escassez de recursos básicos para o funcionamento normal da instituição.
Apesar das dificuldades, os professores reiteram que a greve não tem como objetivo prejudicar os alunos, mas sim chamar a atenção das autoridades para a grave situação laboral em que se encontram. “Estamos a lutar pelos nossos direitos. O ensino de qualidade começa com professores motivados e bem tratados”, frisou outro educador.
Entretanto, os encarregados de educação mostram-se preocupados com o impacto negativo que esta paralisação pode ter no desempenho dos seus filhos. Muitos pais já manifestaram o desejo de ver a situação resolvida o quanto antes, apelando ao governo para intervir com urgência.
“Queremos que os professores sejam valorizados, mas também queremos que os nossos filhos aprendam. Esta situação está a afetar todos nós”, disse um pai, visivelmente apreensivo.
A direção da escola, por sua vez, reconhece a legitimidade das reivindicações dos professores e informa que já comunicou a situação às autoridades distritais e provinciais, aguardando por orientações superiores. Contudo, enquanto não houver uma resposta oficial, as aulas permanecem suspensas.
Segundo fontes do setor da Educação em Sofala, a questão das horas extras em atraso não se restringe apenas à Escola Secundária de Marromeu. Trata-se de um problema que afeta vários estabelecimentos de ensino da província, o que indica uma falha sistémica na gestão dos recursos humanos e financeiros do setor.
O Ministério da Educação ainda não emitiu um pronunciamento oficial sobre o caso. No entanto, fontes próximas ao gabinete do Ministério admitem que há atrasos no processamento de pagamentos em algumas províncias, justificando-se com dificuldades orçamentais e constrangimentos administrativos.
Apesar disso, os professores continuam firmes na sua decisão de manter a greve até que seja apresentada uma solução concreta. A adesão ao protesto tem aumentado com o passar dos dias, e já se fala na possibilidade de outras escolas da região seguirem o mesmo caminho, caso não haja uma resolução rápida.
A situação levanta também o debate sobre as condições laborais dos professores em Moçambique de forma geral. Muitos profissionais da educação sentem-se negligenciados pelo sistema, enfrentando não só atrasos salariais, mas também uma carga horária excessiva, falta de formação contínua e escasso reconhecimento do seu papel na sociedade.
O sindicato dos professores da província de Sofala já se pronunciou, solidarizando-se com os docentes de Marromeu e exigindo uma intervenção urgente por parte do Governo central. Em comunicado, o sindicato alertou para os riscos de colapso no setor da educação se os problemas persistirem.
Enquanto isso, alunos, pais e comunidade educativa permanecem em suspenso, aguardando por uma resposta clara que permita o regresso à normalidade. Todos concordam que é necessário valorizar os profissionais do ensino para garantir um futuro promissor às novas gerações.
A paralisação dos professores de Marromeu é, portanto, mais do que um simples protesto. É um grito por respeito, reconhecimento e justiça. É um reflexo de um sistema que, se não for reformado, continuará a penalizar não só os seus trabalhadores, mas também os estudantes que dependem dele.
Para os educadores que decidiram cruzar os braços, não se trata apenas de dinheiro, mas de dignidade profissional. Eles esperam que as suas vozes não sejam ignoradas e que este momento sirva como ponto de partida para mudanças reais na educação moçambicana.
O futuro dos alunos de Marromeu está em jogo, e cabe às autoridades agir com responsabilidade e urgência. A luta dos professores, embora difícil, é legítima. E o país inteiro deve prestar atenção ao que está a acontecer nas salas de aula vazias de Marromeu.
Se quiser, posso adaptar o texto para linguagem mais jornalística, formal, ou opinativa. Deseja isso?
Comentários
Postar um comentário