ÚLTIMA HORA: Estrada Nacional Número 1 Interditada em Massinga Após Passageiro Ser Baleado Durante Perseguição Policial a Transporte Semi-Coletivo


Na manhã desta segunda-feira, um cenário de tensão e revolta tomou conta da vila de Massinga, na província de Inhambane, Moçambique. A Estrada Nacional Número 1 (EN1), uma das vias mais importantes do país, encontra-se bloqueada por populares, após um episódio trágico envolvendo um agente da Polícia da República de Moçambique (PRM) e um passageiro de um “chapa” — como são conhecidos os transportes semi-coletivos.

De acordo com relatos de testemunhas oculares, o incidente começou quando o motorista de um “chapa” teria se recusado a parar e pagar a portagem num dos pontos de fiscalização na entrada da vila. Em resposta, a polícia iniciou uma perseguição ao veículo, que levava passageiros do interior para o centro urbano. Durante a perseguição, um dos agentes terá efetuado disparos com arma de fogo, atingindo um dos passageiros que se encontrava no interior do transporte.

O passageiro, cuja identidade ainda não foi oficialmente divulgada, terá sido gravemente ferido. Informações preliminares indicam que ele foi baleado na região abdominal e se encontra em estado crítico. Foi levado às pressas ao Hospital Rural de Massinga, onde neste momento luta pela vida, sob cuidados médicos intensivos.

A notícia rapidamente se espalhou pela vila, provocando indignação entre os moradores locais. Em protesto, dezenas de cidadãos decidiram bloquear a EN1 usando pneus em chamas, pedras, troncos e outros objetos, exigindo justiça e responsabilização imediata dos envolvidos. O trânsito encontra-se completamente paralisado nos dois sentidos, e centenas de veículos estão retidos ao longo da via, o que compromete a circulação normal de pessoas e mercadorias entre o sul e o centro do país.

A equipa do Balanço Geral, que se encontra no terreno, reporta momentos de alta tensão. Os manifestantes, visivelmente revoltados, gritam palavras de ordem e acusam as autoridades de abuso de poder e uso excessivo da força. Muitos afirmam estar cansados do comportamento autoritário de alguns agentes da polícia, que frequentemente atuam de forma violenta durante fiscalizações e abordagens.

“Eles dizem que estão aqui para manter a ordem, mas matam inocentes. Quem vai responder por esse sangue derramado?”, questionou um dos manifestantes, que preferiu não se identificar.

Até ao momento, a PRM ainda não se pronunciou oficialmente sobre o ocorrido. No entanto, fontes internas indicam que o agente responsável pelo disparo já foi identificado e afastado temporariamente das funções, enquanto decorrem as investigações internas. A polícia apela à calma e promete uma averiguação imparcial e transparente, mas a população local exige ações concretas, e não apenas promessas.

Organizações da sociedade civil e ativistas de direitos humanos também já começaram a se mobilizar. Grupos locais estão a recolher testemunhos e imagens para denunciar o caso às entidades superiores e internacionais. Nas redes sociais, a hashtag #SocorroMatavel — uma referência simbólica a outras vítimas da violência institucional no país — já se tornou uma das mais comentadas nas últimas horas.

As autoridades municipais de Massinga, por sua vez, tentam intermediar o diálogo entre os manifestantes e a polícia, na tentativa de restabelecer a normalidade. Um encontro de emergência foi convocado para discutir medidas imediatas de contenção, segurança e responsabilização.

Enquanto isso, o bloqueio da EN1 já provoca reflexos na logística nacional. Transportadores de carga pesada, operadores de transporte interprovincial e cidadãos comuns aguardam, sob o calor intenso, uma solução para a crise. Muitos reclamam da falta de informações oficiais e da ausência de apoio no local.

Este incidente lança mais uma vez luz sobre a relação tensa entre forças de segurança e a população civil em Moçambique. Casos de violência policial têm sido frequentemente reportados, com investigações que raramente resultam em condenações exemplares. A sociedade moçambicana clama por reformas urgentes na atuação da polícia e mais formação humanitária para seus membros.

Especialistas em segurança pública ouvidos pela nossa reportagem consideram que episódios como este não são isolados. “Há uma cultura de impunidade que precisa ser rompida. Se os agentes continuarem a agir como se estivessem acima da lei, tragédias como essa vão continuar a ocorrer”, alertou um analista.

Entretanto, a vida do passageiro baleado continua pendente. Familiares aguardam ansiosos por notícias no hospital, rodeados por populares solidários. A tragédia não afetou apenas uma pessoa — abalou toda uma comunidade.

Por ora, a EN1 continua encerrada em Massinga, com forte presença de manifestantes e viaturas da polícia estacionadas a distância, observando o cenário sem avançar. O ambiente é de expectativa e tensão. A qualquer momento, novas informações podem emergir, e o país aguarda por respostas e, acima de tudo, por justiça.

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