Na sequência do seu levantamento histórico, VM7 retoma a análise do percurso da aviação civil moçambicana, desta vez apontando os fatores que desencadearam o declínio de um setor outrora promissor. Esta segunda parte do seu estudo revela episódios decisivos que, na sua ótica, contribuíram significativamente para a derrocada da Linhas Aéreas de Moçambique (LAM).
De acordo com VM7, uma das decisões mais prejudiciais foi a opção pela compra direta de aeronaves em vez da celebração de contratos de leasing, como é prática comum em companhias aéreas com visão estratégica. Essa escolha, considerada precipitada, acabou por gerar um grande fardo financeiro para a empresa, que começou a operar sob intensa pressão orçamental.
Outro aspeto realçado por VM7 prende-se com o critério adotado na nomeação dos dirigentes da companhia. Segundo ele, muitos dos gestores indicados para cargos de liderança careciam de formação técnica e experiência no setor da aviação. Tal situação teria sido agravada pela crescente politização da LAM, com a FRELIMO, partido no poder, a interferir diretamente na estrutura de gestão da empresa.
VM7 denuncia que a companhia passou a servir interesses particulares em vez de públicos. Relata que dirigentes utilizavam recursos da empresa para cobrir despesas pessoais, incluindo bilhetes de viagem, estadias em hotéis, aquisição de roupas e outras regalias privadas. Para ele, essa prática institucionalizou a corrupção no seio da companhia, onde o suborno e a sabotagem deixaram de ser exceção e passaram a ser a regra.
Com um ambiente interno minado por escândalos e má gestão, muitos dos quadros técnicos altamente qualificados optaram por abandonar a LAM, rumando para companhias internacionais onde a meritocracia e a valorização profissional são prioritárias. Essa fuga de cérebros deixou a empresa ainda mais vulnerável, e a sua capacidade de operar com eficiência foi gravemente comprometida.
VM7 refere que a interferência partidária não se limitou à gestão de topo. A ocupação política alastrou-se a vários níveis da companhia, condicionando decisões operacionais, administrativas e até técnicas. Esta captura institucional acabou por sufocar qualquer tentativa de reforma ou de adoção de práticas modernas de gestão empresarial.
Num tom crítico e reflexivo, VM7 compara o presente ao passado. Recorda que, mesmo nos anos anteriores à independência, Moçambique já dispunha de uma aviação civil funcional, com poucos recursos mas com um desempenho competitivo a nível regional e internacional. Hoje, paradoxalmente, com mais infraestruturas, tecnologia e acesso a financiamento, o setor encontra-se em franca decadência.
"É inconcebível que depois de meio século de independência, a aviação moçambicana esteja em ruínas", lamenta VM7. Ele responsabiliza diretamente cinco décadas de gestão subordinada aos interesses partidários pela ruína da LAM e, de forma mais ampla, pelo colapso do setor da aviação civil no país.
O autor conclui esta segunda parte da análise com um apelo ao resgate da memória histórica da DETA – a empresa que antecedeu a LAM – como símbolo de uma era em que o profissionalismo, o mérito e a paixão pela aviação guiavam os rumos do setor. Para VM7, só será possível reconstruir a aviação moçambicana se houver uma rutura definitiva com a lógica de partidarização e um retorno ao respeito pelas normas de boa governação, transparência e competência técnica.
O resgate da aviação civil não é, segundo VM7, uma tarefa impossível. Requer, sim, coragem política, vontade institucional e, sobretudo, a valorização do legado de quem, no passado, construiu com dignidade as bases de um setor que já foi orgulho nacional. A memória da DETA, acredita ele, deve servir de inspiração e de alerta para que os erros do passado não continuem a comprometer o futuro.
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