O Ministério dos Transportes e Comunicações, em parceria com entidades públicas e privadas do sector, está prestes a dar início a um projecto inovador que promete transformar a mobilidade urbana na Área Metropolitana do Grande Maputo. Trata-se de um sistema de transporte intermodal, que irá integrar os serviços ferroviário e rodoviário, criando uma rede mais eficiente, acessível e sustentável para os utentes da capital e zonas circunvizinhas.
Este projecto surge como resposta ao crescente desafio de mobilidade urbana que a cidade de Maputo enfrenta nos últimos anos, marcado por congestionamentos constantes, demora nos tempos de deslocação e dificuldades de acesso ao transporte público, principalmente durante as horas de ponta. A iniciativa pretende oferecer alternativas mais rápidas e cómodas aos cidadãos, promovendo o uso combinado de diferentes meios de transporte.
A primeira fase, considerada piloto, terá início na quarta-feira e estará circunscrita à linha férrea de Ressano Garcia, uma das principais vias de ligação ferroviária da capital. Esta linha será integrada a uma rede de autocarros urbanos que farão a distribuição dos passageiros a partir das estações ferroviárias, facilitando assim a ligação entre o centro da cidade e bairros periféricos.
A operação desta fase experimental será acompanhada de perto por técnicos do ministério e operadores envolvidos, com o objectivo de avaliar a eficiência do sistema, identificar eventuais constrangimentos e propor ajustamentos que permitam a expansão do modelo para outras rotas urbanas e suburbanas, como Machava, Boane, Matola e Marracuene.
Segundo fontes oficiais do Ministério dos Transportes e Comunicações, o projecto intermodal é parte integrante do Plano Director de Mobilidade Urbana do Grande Maputo e conta com o apoio técnico e financeiro de parceiros de cooperação internacional. O governo espera que esta nova abordagem venha a reduzir significativamente o número de viaturas privadas em circulação, contribuindo para a diminuição da poluição ambiental, dos acidentes rodoviários e da pressão sobre as infraestruturas viárias da cidade.
Durante o lançamento da fase piloto, está prevista a apresentação pública dos horários integrados, rotas combinadas e métodos de pagamento simplificados, que permitirão aos passageiros utilizar um único bilhete para aceder a ambos os meios de transporte. Esta integração tarifária visa tornar o sistema mais amigável, inclusivo e economicamente vantajoso para os utentes.
De acordo com declarações do ministro dos Transportes, a intermodalidade é uma tendência global nas grandes cidades e Moçambique não pode ficar para trás. O governante destacou que a mobilidade urbana deve ser tratada como um direito dos cidadãos e um pilar fundamental para o desenvolvimento sustentável. Ele acrescentou ainda que este projecto poderá gerar empregos directos e indirectos, impulsionar o sector de transportes e dinamizar a economia local.
Entretanto, para garantir o sucesso da iniciativa, o Ministério prevê acções de sensibilização comunitária, envolvendo associações de transporte, autoridades municipais e líderes comunitários, com o intuito de explicar os benefícios do novo sistema e incentivar a adesão dos cidadãos. Serão também realizados inquéritos junto aos passageiros para recolher sugestões e medir o nível de satisfação com os serviços oferecidos.
O transporte ferroviário, tradicionalmente voltado para o transporte de carga, passará a desempenhar um papel mais relevante no movimento diário de passageiros, especialmente nos corredores de grande fluxo populacional. As estações ao longo da linha de Ressano Garcia serão reabilitadas e adaptadas para receber melhor os passageiros, com plataformas seguras, sinalização moderna e espaços de apoio ao utente.
Com este passo, o governo pretende criar uma rede interligada, inteligente e sustentável, que permita aos cidadãos deslocar-se com mais rapidez e segurança, reduzindo o tempo de espera e melhorando a qualidade de vida dos que dependem do transporte público.
Caso a fase piloto tenha resultados satisfatórios, a ideia é estender o modelo a outras regiões do país, começando por áreas metropolitanas como Beira e Nampula, onde o crescimento urbano tem sido acelerado e os desafios de mobilidade são cada vez mais evidentes.
O projecto intermodal também poderá servir de base para futuros investimentos em infraestruturas, incluindo terminais integrados de passageiros, centros logísticos e corredores de transporte inteligente com recurso a tecnologias de gestão de tráfego e informação ao passageiro em tempo real.
A iniciativa representa uma viragem estratégica na abordagem da mobilidade urbana em Moçambique e demonstra a aposta do Executivo em soluções modernas e inclusivas. Ao integrar o transporte ferroviário ao sistema rodoviário urbano, abre-se caminho para um novo paradigma na forma como os cidadãos se deslocam, tornando o transporte público mais atractivo, eficiente e ambientalmente responsável.
O arranque da fase piloto será acompanhado por uma cerimónia oficial, com a presença de membros do Governo, representantes da empresa pública Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM), operadores privados, autarquias locais, organizações da sociedade civil e utentes convidados a testar o novo sistema.
Este novo modelo de mobilidade poderá marcar o início de uma nova era para o transporte urbano em Moçambique, com benefícios a médio e longo prazo que se estendem para além da capital. Trata-se de um esforço conjunto para tornar as cidades mais funcionais, verdes e centradas nas necessidades dos seus habitantes.
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