ESCOLA PRIMÁRIA DE CHINGALE ENFRENTA COLAPSO NOS SERVIÇOS BÁSICOS DEVIDO A DÍVIDA ACUMULADA



Na província de Tete, centro de Moçambique, a situação numa das instituições de ensino tem gerado preocupação. A Escola Primária de Chingale enfrenta uma crise severa provocada pela acumulação de dívidas com o fornecedor de água, o que obrigou a direção a tomar medidas drásticas, como o encerramento das casas de banho.

A dívida, que já ultrapassa os 260 mil meticais, tornou insustentável a continuidade do fornecimento de água. Diante dessa realidade, a escola foi obrigada a fechar as instalações sanitárias, comprometendo seriamente a higiene e o bem-estar dos alunos e professores.

De acordo com os responsáveis pela escola, os repasses financeiros que chegam do Estado são insuficientes para cobrir despesas básicas. Em certos meses, a verba recebida mal ultrapassa os 14 mil meticais, o que torna impossível enfrentar compromissos acumulados ao longo de mais de doze meses.

A problemática, no entanto, não se limita ao fornecimento de água. A unidade de ensino também está sem energia elétrica, apesar de estar localizada numa província reconhecida por ser uma das principais geradoras de energia elétrica do país, fornecendo inclusive para outros Estados vizinhos.

A direção da escola afirma que, da mesma forma que a água foi cortada, o fornecimento de energia também deixou de ser viável. A escola não tem recursos para adquirir créditos de energia no sistema pré-pago (Credelec), deixando-a completamente à mercê da escuridão, sem eletricidade para funcionamento administrativo ou pedagógico.

As aulas têm decorrido em condições muito limitadas, com os professores e alunos a dependerem unicamente da luz natural. As atividades extracurriculares que necessitariam de equipamentos eletrônicos foram completamente suspensas, dificultando a implementação de programas educativos mais modernos e inclusivos.

Fontes no local descrevem a situação como “crítica e desumana”, sobretudo porque se trata de uma escola primária, onde crianças em tenra idade são as mais afetadas pela falta de condições básicas. A ausência de casas de banho obriga muitos estudantes a usarem matas circundantes, o que representa sérios riscos para a saúde pública e a segurança.

As autoridades escolares apelam ao governo e aos parceiros sociais para que intervenham urgentemente. A continuidade das aulas está comprometida, e há receios de que a escola possa, a qualquer momento, suspender completamente as suas atividades caso a situação não seja resolvida.

Com cerca de 800 alunos matriculados, a Escola Primária de Chingale é uma das mais importantes da região. A ausência de infraestruturas adequadas não só afeta o desempenho escolar, mas também mina os esforços do país em promover a educação universal e de qualidade para todos.

O caso revela um quadro mais amplo de fragilidade no setor da educação, especialmente em zonas rurais onde os orçamentos são reduzidos e as necessidades, imensas. Muitos pais e encarregados de educação afirmam que se sentem impotentes diante da situação, e temem que seus filhos percam o ano letivo.

Para alguns funcionários, a solução passaria pela intervenção do Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano, com alocação urgente de fundos extraordinários para regularizar a dívida com o fornecedor de água e reativar o fornecimento de energia.

Alguns professores relataram que, mesmo sem condições, continuam a dar aulas por compromisso com a comunidade. No entanto, reconhecem que a situação está próxima do limite. “Não conseguimos mais continuar desse jeito. Estamos a trabalhar num ambiente inaceitável”, lamentou um dos docentes.

Enquanto isso, os alunos têm sido os principais prejudicados. As condições precárias agravam os níveis de absentismo e comprometem o aproveitamento pedagógico. Os encarregados de educação temem que a crise possa afetar negativamente o futuro das crianças da região.

Do lado das autoridades locais, há promessas de que o assunto está a ser tratado com prioridade, mas até ao momento nenhuma solução concreta foi apresentada. O impasse entre a direção da escola e o fornecedor de serviços parece prolongar-se.

Os estudantes continuam a frequentar a escola em condições extremamente difíceis, e muitos pais relatam que já consideram transferir os seus filhos para outras instituições, mesmo que fiquem mais distantes e impliquem em mais custos com transporte.

A situação da Escola Primária de Chingale levanta uma questão nacional: como é possível que uma escola situada numa das principais províncias produtoras de energia e com acesso a recursos naturais estratégicos esteja mergulhada numa crise tão grave?

O apelo geral da comunidade educativa é claro: é urgente que as autoridades tomem medidas concretas para salvar esta escola, antes que o colapso se torne irreversível.

Em tempos em que se apela por mais inclusão e investimento no setor educativo, episódios como este mostram o longo caminho que ainda há pela frente.

Comentários