Acidentes de viação tiram vidas em Manica: pelo menos 34 mortos em 2025

 

A província de Manica, no centro de Moçambique, continua a registar números preocupantes de sinistros rodoviários. Só nos primeiros meses deste ano, pelo menos 34 pessoas perderam a vida em acidentes de trânsito ocorridos em diferentes estradas da região. O cenário trágico tem sido atribuído, em grande parte, a comportamentos irresponsáveis por parte de alguns condutores.

De acordo com os dados mais recentes divulgados pelas autoridades locais, o número de acidentes com vítimas mortais continua a crescer. Os relatórios apontam que a maioria dos casos foi provocada por velocidade excessiva, desrespeito pelas regras de trânsito e consumo de bebidas alcoólicas por parte dos motoristas.

A Polícia de Trânsito (PT) em Manica afirma que há uma crescente imprudência nas estradas, especialmente em zonas urbanas como Chimoio, Gondola e Catandica. Muitos condutores ignoram os limites de velocidade e, frequentemente, conduzem sob influência do álcool, uma prática perigosa que coloca em risco tanto suas vidas quanto a dos outros utentes da via.

“Estamos a assistir a uma escalada de comportamentos de risco. A mistura de álcool e volante é letal”, alertou um oficial da PT em entrevista à imprensa local. Ele sublinhou que muitos dos sinistros poderiam ter sido evitados se os condutores observassem as normas básicas de segurança rodoviária.

Além das vítimas mortais, dezenas de pessoas ficaram feridas, algumas com gravidade. Estas lesões não apenas afetam a integridade física das vítimas, como também provocam um impacto social e económico profundo nas famílias e nas comunidades. Muitos dos sobreviventes ficam incapacitados para o trabalho, exigindo cuidados médicos prolongados e apoio contínuo.

As autoridades de saúde em Manica também demonstraram preocupação com o aumento das ocorrências. Hospitais e centros de saúde estão a receber, com frequência, pacientes vítimas de acidentes rodoviários. “Estamos a sentir pressão nas nossas unidades. Os acidentes estão a causar um aumento na procura por cirurgias de emergência e internamentos prolongados”, explicou um profissional do Hospital Provincial de Chimoio.

Por sua vez, organizações da sociedade civil e ativistas de segurança rodoviária apelam para um reforço das campanhas de sensibilização. Para eles, é urgente que se implemente uma estratégia educativa eficaz, voltada sobretudo aos jovens condutores, que compõem a faixa etária mais envolvida nos incidentes.

“Precisamos transformar a mentalidade dos nossos condutores. Respeitar o código de estrada deve ser visto como uma responsabilidade coletiva e não apenas uma obrigação legal”, defende um membro da associação local de prevenção rodoviária.

Na tentativa de travar esta tendência preocupante, a Polícia de Trânsito reforçou as operações de fiscalização em vários pontos estratégicos das estradas da província. Barreiras de controlo estão a ser montadas com maior frequência, principalmente durante a noite e em finais de semana, quando os níveis de álcool no sangue dos condutores tendem a ser mais elevados.

Além disso, foram intensificadas as multas para infractores, e há medidas adicionais em curso para suspender temporariamente as cartas de condução de motoristas reincidentes. A esperança é que o aperto nas leis possa servir de dissuasão para comportamentos perigosos ao volante.

Por outro lado, o estado precário de algumas vias também contribui para o número de acidentes. Buracos, falta de sinalização adequada e iluminação insuficiente são apontados como fatores que aumentam os riscos nas estradas, especialmente durante a noite e em condições de chuva.

Em resposta, o governo provincial promete realizar intervenções de melhoria nas estradas mais críticas, embora enfrente limitações orçamentais. A população, no entanto, exige ações concretas e imediatas, já que o número de mortes continua a subir, deixando um rasto de dor e sofrimento.

Familiares das vítimas têm partilhado histórias comoventes. Muitos perderam entes queridos de forma trágica e repentina. “O meu irmão saiu para trabalhar e nunca mais voltou. Recebemos a notícia de que morreu num acidente causado por um condutor embriagado”, contou entre lágrimas uma residente de Chimoio.

Enquanto isso, os transportes públicos também têm sido frequentemente associados a episódios de negligência. Motoristas de chapas, pressionados pelo lucro, excedem os limites de velocidade e lotam os veículos, ignorando normas básicas de segurança. Passageiros queixam-se, mas muitas vezes aceitam os riscos por falta de alternativas.

Diante deste panorama sombrio, cresce o apelo por uma mudança urgente de atitudes. Mais do que aplicar multas ou aumentar a fiscalização, especialistas defendem uma abordagem mais ampla, que envolva educação, melhoria das infraestruturas e fiscalização consistente.

A tragédia nas estradas de Manica é um reflexo de vários problemas combinados: desde a irresponsabilidade individual até à ausência de políticas públicas mais eficazes. Com 34 mortos apenas nos primeiros meses do ano, o cenário é alarmante e exige uma resposta urgente de todos os setores da sociedade.

Só com o envolvimento conjunto das autoridades, condutores, educadores, técnicos de saúde e a própria população será possível travar esta epidemia silenciosa que ceifa vidas e destrói sonhos em questão de segundos.

O tempo para agir é agora.


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